Publicado no jornal Estado de São Paulo no dia 20 de outubro de 2021 (Acesse aqui)

Óbvio ululante: a campanha eleitoral já começou. Desde o primeiro dia do atual governo. Nada surpreendente. O general Golbery Couto e Silva, estrategista do regime militar, dizia que um projeto de poder deveria durar vinte anos.

A CPI faz parte da campanha em curso. Será esta campanha de matança geral como um filme de Quentin Tarantino? 

Ou respeitará os limites democráticos e os adversários? Mas já se insinua repleta de acusações, indícios e evidências de crimes. Será uma inquisição digna de tribunais medievais? Com familiares esgarçados nos cadafalsos?

De pedidos, solicitações, gritos e sussurros para que os órgãos de controle da democracia – como o Supremo, o Ministério Publico, o Tribunal de Contas, a Controladoria-Geral, por exemplo – ajam rápido. Estes órgãos, porém, estão quase deprimidos e reprimidos. Atordoados. Partidos. Não têm a agilidade necessária. Perdidos nas burocracias internas para controlar o que poderá vir.

Se já é difícil para o ministro Luís Roberto Barroso, imaginem para o ministro Alexandre de Moraes, que comandará o Tribunal Superior Eleitoral em 2022.

A CPI já colocou na mesa da opinião pública (e aqui leia-se “na mesa do eleitorado”), uma pauta pantagruélica: havia clara intenção de que a população se contaminasse, criasse anticorpos e retornasse ao trabalho. Ofertas de vacina deliberadamente ignoradas. Médicos adotando protocolos cientificamente rejeitados. Com assento no Palácio do Planalto. Sem máscara. Propinas por vacina.

No plano eleitoral, vemos o crescente aparecimento de entidades de pesquisas nunca vistas. Com pesquisas sanguíneas, contra um ou contra outro. Contra todos. Contra o eleitor também. Para confundir.

A tentar desconsiderar e deturpar os números dos institutos de credibilidade já comprovada como Datafolha, IPEC (Ibope), Ipespe. É o fake news estatístico. 

A corrupção, a ilegalidade, as lavagens de dinheiro e de personalidades, dos candidatos, a todos os níveis, deverão ser literalmente escrutinados.

Alguém imagina que o presidente deixará de fazer campanha logo de manhã nos cercadinhos, tentando pautar a mídia do dia? Se já usa para dizer: “Cala a boca!” e “Vocês são uns canalhas!”, imaginem próximo das eleições.

Caros leitores-eleitores, escondam-se debaixo das mesas. Abaixem as cabeças. Protejam-se. O tiroteio já começou. A carnificina já se insinua.

Como evitá-los?