Artigo publicado no Blog do Noblat em 28.05.2014

Pela lei, campanha eleitoral só começa no dia 6 de julho. Antes, hoje por exemplo, campanha é proibida. Mas a campanha real é muito maior do que a campanha legal.

Engana-se quem acredita que campanha é apenas a mobilização e divulgação em torno de partidos e candidatos. Essa é a micro-campanha. Existe a macro-campanha.

Trata-se de uma competição entre estratégias opostas. Uma disputa para a criação de cenários políticos, econômicos, éticos e sociais que venham a favorecer uma candidatura, projeto ou partido. Essa competição está a pleno vapor.

Há três ou quatro meses atrás, por exemplo, a candidata Dilma era invencível diante da opinião pública. A reeleição inevitável. Para ter chances, a oposição precisava colocar ao menos uma dúvida no eleitor. Conseguiu.

Hoje se acredita que Dilma pode perder. Não se sabe como e para quem. Mas a possibilidade foi posta. A campanha “Volta Lula” paradoxalmente ajudou a abalar a certeza do início do ano.

Tradicionalmente um dos temas mobilizadores da militância de esquerda sempre foi a eleitoralização da Petrobras. A oposição liberal sempre foi acusada de querer privatizar esse símbolo nacional.

Hoje, agora, a Petrobras é arma da esquerda que está fora do baralho. Talvez pela primeira vez em nossa história. Símbolo de corrupção, muito mais do que de independência nacional. Denúncias também são campanhas eleitorais.

São apenas dois exemplos. Mas estas eleições vão nos permitir ver até que ponto a legislação eleitoral se conforma ou não com a realidade eleitoral. E, a partir daí, aperfeiçoá-la.