Artigo publicado no Jornal O Globo, em 21.05.2017 ( Acesse aqui )

Pela Constituição, o poder máximo está nos Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Mas as investigações revelam que esses poderes estão seriamente ameaçados por outro poder: anticonstitucional. Qual?

A aliança ilícita entre algumas grandes empresas, quase todo o sistema partidário,centenas de políticos e obsequiosa burocracia.

Quando a mesma pessoa, um único partido, a mesma classe social ou aliança política comanda os Três Poderes, não temos democracia. Temos a forma, mas não a realidade. Isso estará em jogo nos próximos dias.

No regime militar tínhamos Constituição e Três Poderes. Mas uma só aliança entre militares e empresários controlava o acesso ao Supremo, ao Congresso e à Presidência. Mesmo diante de resistências heroicas.

A Rússia e a China têm três poderes à sua maneira. Mas não têm democracia, pois o partido único controla os três.

A nobreza portuguesa de D. João VI e de D. Pedro I precisaram da elite brasileira para se manter no poder. O que fizeram? Aliaram-se. Distribuíram títulos de propriedade e de nobreza. O Brasil se encheu de barões e grandes fazendas.

Mas assim asseguramos a independência política para um Brasil desigual.

Hoje, a importância dasalianças subpartidárias continua. Mas os métodos foram modernizados.

A aliança no poder distribui benefícios fiscais, isenções, desonerações, crédito subsidiado, privilégios em licitações e por aí vamos. E nobre título de campeão nacional.

Corremos o risco de não acabar com as desigualdades sociais e perder independência política.

Mesmo sem partidos políticos que os representem, os cidadãos já formam dois partidos.

De um lado, a aliança com a Lava-Jato e que se espraia entre cidadãos indignados, Justiça atuante, congressistas éticos, mídias sociais críticas, empresários que acreditam na concorrência, plena liberdade de imprensa, e uma burocracia estatal profissional exausta de ser submetida pelos cargos de confiança.

De outro, a aliança entre partidos envelhecidos, políticos e autoridades corruptas, empresários que não acreditam na produtividade via mercado. E que negam os fatos vistos.

Existe grande tensão no ar.

Que será solucionada ou agravada, quando o TSE se pronunciar. Diante de eventual vacância da Presidência, o Congresso deve escolher o novo presidente. E revelar-se como Brasil de ontem ou de amanhã.