Artigo publicado no Blog do Noblat em 30.07.2015

A contrapartida ao movimento político a favor do impeachment de Dilma, é agora o movimento para tirar Eduardo Cunha da Presidência.

Começou no próprio PMDB com Jarbas Vasconcellos pedindo sua renúncia.

O argumento é simples. Estando depois de investigado, denunciado e com denúncia aceita pela justiça, se não a lei, a ética o obrigaria a renunciar. Não somete para se defender. Mas para evitar que se aproprie das prerrogativas públicas do cargo de presidente da Câmara, para defesa pessoal.

Existe a prisão preventiva para evitar que réus utilizem de sua liberdade para dificultar as investigações e o caminhar das justiças. Assim Cunha deveria se afastar do cargo para evitar que ele como presidente da Câmara dificulte o andar do processo contra ele. É do interesse da justiça.

Evidentemente que as chances de sucesso da proposta de Jarbas Vasconcellos são hoje mínimas. Mas políticas, como céu e nuvens, mudam. E mudam muito.

Cunha no início tentou construir uma imagem mais do que simpática para a opinião pública, uma imagem necessária. A de um presidente decidido, eficiente, que fazia votar projetos eternizados. O Legislativo precisa ser mais ágil.

Mas foi com muita sede ao pote e revelou sua fragilidade. Agora, cada gesto do presidente Eduardo Cunha pode ter dois significados diferentes.

Será que ele age assim para ser eficiente e independente? Ou porque rompeu com o governo que não o protege da justiça diante das denúncias pessoais que vão se acumulando? Estaria com medo?

Sua imagem ficou turva.

Não será surpresa que para avançar sua proposta Jarbas Vasconcellos venha a considerar ser futuro candidato à Presidência da Câmara. Mesmo que seja um anti-candidato. Como seu mestre, Ulysses Guimarães, o foi um dia. Perdeu, mas ajudou a derrubar o regime militar.