Artigo publicado no Blog Brasil Post em 13.08.2014

A morte de Eduardo Campos criou um trágico vácuo na política. Mas a legislação eleitoral prevê como este vácuo será preenchido.

Quem tem direito de preferência para indicar o próximo candidato é o PSB, o partido de Eduardo. O PSB possivelmente exercerá este direito. Será um novo candidato do partido. Mas quem o escolhe não será apenas o PSB. Serão os órgãos executivos da coligação partidária que inclui o PSB, PHS, PRP, PPS, PPL e PSL.

Cenário provável então é: PSB exerce direito de preferência, e os partidos escolhem Marina Silva porque é o nome mais forte eleitoralmente.

Ela, por sua vez, tem que renunciar à vice-presidência da chapa, é óbvio. E os partidos da coalisão escolhem por maioria absoluta o novo vice. Pode ou não ser do PSB. Provavelmente não será. Marina precisa ampliar suas bases e fortalecer sua nova candidatura. Se houver nomes palatáveis nos outros partidos, é claro.

Em suma, combinando a legislação e o peso eleitoral dos novos nomes, o cenário provável é que Marina Silva já é a nova candidata à Presidência da República. Seu vice deverá vir de um dos partidos da coalizão.

O paradoxo é que, com Marina, o objetivo de Eduardo pode ser sim alcançado: levar a eleição para o segundo turno. Marina carrega os votos fiéis, algo como 12% da eleição passada. Estima-se que Eduardo já havia conquistado cerca de 9% de votos seus. Mais os que vão conquistar pela comoção nacional. Voto também é emoção.

Este foi sempre o sonho de Marina. O destino às vezes escreve por linhas tortas.